Pelo jeito, a maioria das pessoas vai deixar para pedir a instalação no último momento, já que a água do poço é mais barata que a da Caesb.
Notícia do Jornal de Brasília de 23/09/2007
Arruda inaugura sistema de abastecimento da Caesb que põe um fim ao uso de poços artesianos pelos moradores da antiga colônia agrícola
Raphael Veleda
Foram mais de 20 anos buscando água em poços artesianos, prática que comprometia o lençol freático, também ameaçado pela contaminação das fossas próximas. Mas isso acabou. Os moradores de Vicente Pires já podem ir ao escritório da Caesb, ao lado da Feira do Produtor, e solicitar a ligação da rede de água potável, inaugurada ontem pelo governador José Roberto Arruda. Mais de 400 quilômetros de canos estão instalados para atender toda a cidade. Dois reservatórios também foram entregues ontem, após a liberação da licença ambiental por parte do Ibama. É mais um passo no processo de regularização de Vicente Pires, que depende ainda da derrubada de 500 a 800 casas da região.
Essas construções não podem continuar existindo porque estão em Áreas de Proteção Permanente (APPs), próximas ou mesmo sobre nascentes e córregos aterrados. Sua permanência impossibilita a liberação da licença ambiental, a construção de esgotos, asfalto e a própria regularização fundiária. "Existe um compromisso com o governo de retirar essas populações que prejudicam o meio ambiente em todo DF, não apenas em Vicente Pires", afirma Francisco Palhares, superintendente do Ibama em Brasília.
Quem for desalojado poderá se mudar para uma área pertencente à União em Vicente Pires mesmo. "Temos de ver logo quem vai ser transferido para seguir com o processo de regularização. E vai ser aqui para que a comunidade permaneça unida", argumenta a titular da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Alexandra Resch. As casas em lugares irregulares não terão a ligação de água. Sua presença pode inclusive prejudicar os vizinhos, segundo Arruda. "Na Rua 3, Chácara 43, por exemplo, existem 70 casas e uma está em APP. Para ligar as outras 69 tem de tirar essa. Eu não quero passar o trator, mas se precisar vou fazer isso", garante.
O governador se comprometeu com os moradores a finalizar as ligações em 30 dias, mas para isso todos precisam fazer o cadastramento no escritório da Caesb. "Vai ser ligado em até 30 dias e a taxa é de R$ 160, dividida em até 10 vezes", explica Fernando Leite, presidente da empresa. Os moradores, porém, não poderão optar por continuar com a água dos poços artesianos. "À medida que formos ligando, vamos lacrar os poços", avisou Leite.
Dois reservatórios com capacidade para estocar seis milhões de litros cada foram inaugurados junto com 400 quilômetros de tubulação. Os moradores de Vicente Pires serão abastecidos com água da represa do Descoberto. A estimativa é fazer 14 mil ligações.
Legalização a caminho
Aproveitando a presença do superintendente do Ibama, Francisco Palhares, moradores de Vicente Pires pediram ao governador que entregasse a ele a última versão do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), necessário para a liberação da licença ambiental do local. "Não é a primeira vez que é entregue e se o Ibama achar que precisa fazer mais alguma coisa, o GDF vai assumir essa responsabilidade", afirmou Arruda.
Palhares, do outro lado, prometeu atenção especial ao caso. "Acredito que em 15 ou 20 dias terei uma definição", declara. Após a liberação, o governo terá condições de construir o sistema de esgoto e o asfalto. A licença é também indispensável no processo de regularização fundiária.
Vicente Pires está localizada em terras públicas, tanto da União quanto da Terracap. As autoridades garantem, no entanto, que isso não será fonte de atraso no processo. "Estamos em reta final na verdade. Esta semana mesmo vamos nos reunir com o secretário Cássio Tanigushi (de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente), para acertar mais coisas", adianta Alexandra Resch, da SPU.
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